Observações pessoais: Neste post encontra-se o que eu estive a pesquisar nas sessões 39 e 40. O que pesquisei nesta sessão foi a partir de livros da biblioteca municipal. Esta pesquisa fala um pouco do que é a medicina alternativa, ou muitas vezes chamada, de medicina tradicional chinesa ou MTC. Além disso, refiro alguns tipos de MTC, as suas propriedades e em que tipo de doenças podem curar ou prevenir.
Meridiano e Acupunctura
A definição de acupunctura encontra-se muitas vezes, aos olhos do público, reduzida à de meridianos. A acupunctura não se reduz apenas a este estudo. Os meridianos não são senão os suportes, as vias de passagem da energia, “os canais ou ribeiras”, como dizem os chineses. Esta última expressão deriva do facto de, os meridianos se situarem nas três dimensões do espaço.
- A primeira dimensão, o comprimento, permite-nos situar os seus trajectos. Este conhecimento dos trajectos é tão indispensável ao acupunctador como o da anatomia o é para o cirurgião. Como cuidar uma enxaqueca ou uma ciática se ignorarmos em que trajecto de um ou mais meridianos se encontra a dor?
- A segunda dimensão, a largura, permite-nos definir a importância do meridiano e a sua função. A acupunctura não se reduz a um problema de canalizações, de conexões e de circuitos energéticos.
- A terceira dimensão define a profundidade à qual circula o meridiano. É ela que permite estabelecer a ligação entre o meridiano e uma dos sistemas de referência é o Yin/Yang. Quanto mais à superfície circula o meridiano tanto mais o Yang ele é; se circula em profundidade, tanto mais Yin. AS expressões meridianos Yin ou meridianos Yang não têm nenhum significado se não definirmos qual a parte do corpo a que nos referimos ou qual o outro meridiano com que o comparamos.
Os diferentes meridianos
- Doze meridianos ditos “principais”;
- Doze meridianos ditos “Lo transversais”;
- Doze meridianos ditos “Lo longitudinais”;
- Doze meridianos ditos “tendino-musculares”;
- Doze meridianos ditos “destintos”;
- Oito meridianos ditos “singulares”.
Os meridianos principais
Falar de meridianos principais permite esclarecer um dos grandes mistérios que descobre o doente que se aproxima pela primeira vez da acupunctura: como é que uma agulha colocada no pé ou na extremidade dum dedo da mão pode agir sobre uma dor de cabeça, de estômago ou de costas?
Se, levado pela curiosidade, este doente procura a resposta num manual de divulgação da acupunctura, ele não a encontrará. Estes, não descrevem em geral senão os trajectos superficiais dos meridianos principais.
Mas todos estes meridianos têm a montante do seu ponto de origem, ou a jusante do seu ponto terminal, um trajecto profundo que os une aos outros meridianos. Não esqueçamos que a circulação energética, tal como uma circulação eléctrica, não pode ser senão contínua. Como saber se o meridiano dos pulmões, que dizemos, em geral, que começa no alto braço e termina na extremidade do polegar, pode interagir em perturbações da garganta ou do estômago? A resposta provém do facto de o trajecto profundo do meridianos do pulmão passar pela garganta e pelo estômago. Assim como o trajecto profundo do meridiano do rim passa pela coluna vertebral, e o meridiano do fígado pelos olhos.
O homem-meridiano
O homem, no seu volume e na sua superfície, é portanto percorrido por um complexa rede de linhas de força, de canais, a que chamamos meridianos.
O conjunto pode ser comparado a um circuito electrónico concebido para repartir a energia no conjunto da rede, seleccionando e repartindo certas frequências por zonas diferenciadas do circuito. Esta função do circuito é assegurada, prioritariamente, pelos seus componentes mais internos e, no que respeita à acupunctura, pelos meridianos primários.
O circuito deve, por outro lado, ser protegido das sobrecargas internas e externas e a sua concepção deve ser tal que toda a sobrecarga possa ser derivada para a superfície e eliminada. Em electrónica, os sistemas de resistências ou de condensadores asseguram esta função. Em acupunctura, são os meridianos secundários, os mais superficiais, que desempenham essa função.
Parece portanto possível estabelecer uma analogia entre circuitos electrónicos e circuitos de acupunctura. Esta analogia permite até, em certos casos, estabelecer um princípio de raciocínio clínico e terapêutico. Dizemos “um princípio” porque a realidade dos circuitos de acupunctura é certamente bastante mais complexa do que nós pensamos.
Os processos terapêuticos
Os pontos de acupunctura, quase todos situados em partes côncavas, são as “janelas” abertas para a energia. Manipular aí uma agulha (porque não basta “espetá-la”), é permitir à energia em falta renascer e reflorir, à energia em plenitude repartir-se.
A manipulação da energia ao nível dos pontos da acupunctura pode efectuar-se de quatro maneiras: por massagem, por calor, por sangria e por agulha.
A massagem: De uma forma empírica, cada um de nós sabe massajar as têmporas empregando uma técnica tradicional de “pressão em rotação” para atenuar a dor de cabeça. O gesto de apertar o nariz entre o polegar e o indicador, e que nós julgamos involuntário, deve a sua eficácia ao facto de estimular a actividade das supra-renais, cuja secreção corsónica produz um efeito anti-depressão e anti-fadiga.
É evidente que a técnica de massagem do médico acupunctador é uma arte: segundo os dedos que utiliza, as zonas que massaja e a gama das manipulações que pratica, esta arte está muito afastada daquilo a que muitos chamam “massagem chinesa”.
A massagem tem a sua melhor aplicação na criança, que se assustaria com a agulha. Além disso, a sua energia ainda muito jovem permite ao médico, por meio de simples massagens na palma das suas pequeninas mãos, ou mesmos por simples agitação dos seus membros, melhorá-la de diarreias, da febre ou das anginas.
O calor: Tem efeito de tonificar a energia essencial do corpo e o médico acupunctador utiliza-o de preferência nas doenças crónicas, quando o potencial de energia, próprio do indivíduo, está enfraquecido pela marcha da energia perversa no fundo do seu ser.
A Agulha: Antes de mais, lembremos que em França, as agulhas são consideradas como instrumentos cirúrgicos e por conseguinte a prática da acupunctura está reservada exclusivamente aos médicos. Actualmente o uso de agulhas de ouro e de prata está confinado a alguns consultórios, ocidentais cujo snobismo tenta imitar vagamente a glória dos imperadores da China. Os herdeiros modernos do taoismo (médicos chineses de Mao e médicos ocidentais que não se limitam a uma vaga “agulhoterapia”) utilizam agulhas de aço cujo cabo é enrolado com fio de aço, de cobre ou de latão. O comprimento do cabo da agulha varia entre 1 a 30 cm. A agulha espetada por uma mão inexperiente pode ter uma acção tão imprevisível como o humor de um tigre.
BRELET- RUEFT, Claudine, As medicinas tradicionais sagradas, Edições 70, Lisboa, s.d
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